segunda-feira, 9 de maio de 2011

ANÁLISE DE BALANÇO COMO FERRAMETA DE GESTÃO

A grande maioria das médias, pequenas e até mesmo microempresas ainda padece de um mal que já passou da hora de ser expurgado do mundo empresarial – a ignorância quanto à importância da análise de demonstrações contábeis enquanto ferramenta de gestão. Num mundo em que tomar decisões rápidas e certas é a medida do bom administrador, deixá-la de lado é assinar um atestado de incompetência.
Esta técnica milenar de analisar as informações geradas pela empresa consiste na coleta de dados constantes nas respectivas demonstrações, com vistas à apuração de indicadores que permitem avaliar a capacidade de solvência (situação financeira), conhecer a estrutura patrimonial (situação patrimonial) e descobrir a potencialidade em gerar bons resultados (situação econômica).
Por meio da análise de demonstrações contábeis é possível também comparar os dados coletados com períodos passados, confrontando-os ou não com metas ou diretrizes preestabelecidas. Abre-se ainda a chance de realizar comparações com as tendências regionais ou dos segmentos onde a empresa esteja inserida.
Além disso, torna-se até mesmo viável determinar também as perspectivas futuras de rentabilidade ou continuidade dos negócios, possibilitando aos gestores tomarem decisões de financiamentos e investimentos, bem como implementarem mudanças de práticas, caso as tendências projetadas sinalizem um cenário não condizente com as políticas até então estabelecidas, ou até mesmo subsidiar o estabelecimento de novos rumos.
A análise de demonstrações contábeis, esta preciosa alavanca para boas práticas de gestão, começou a ser usada no final do século 19 pelas instituições bancárias, florescendo para valer na primeira metade do século 20, quando muitas empresas despertaram para mais esta oportunidade, passando a usá-la a com o objetivo de avaliar seus negócios presentes e futuros.
Nos últimos 20 anos pelo menos, com o avanço contínuo da tecnologia da informação, e agora com sua consolidação no mercado, a utilização da análise de demonstrações contábeis está mais uma vez revigorada, só que de uma forma nunca vista antes. E melhor: acessível a quem queira de modo rápido e confiável.
Essa acessibilidade chega não só às empresas formais, que têm a capacidade de terem suas contas analisadas, mas também às informais, que podem até receber informações positivas ou negativas sobre a saúde do negócio.
O detalhamento que envolve uma análise bem executada é tão rico que é possível projetar mudanças de trajetória ou incremento a determinadas ações. Ou seja, a análise de balanços, mesmo entre quem ainda não é um ente formal perante o mercado, pode indicar um futuro com boas perspectivas.
Infelizmente, a análise de balanços ainda é subutilizada no Brasil, em primeiro lugar porque os profissionais são preparados nas faculdades a ter uma visão voltada em grande parte para as grandes empresas, quando em verdade deveriam ser formados para enxergar a essência das médias, pequenas e microempresas.
Neste sentido, o uso incongruente da tecnologia, neste inovador mundo 2.0, ainda não é responsável pela parca atenção dirigida à execução de relatórios em plataformas tecnológicas, que ainda está presente de maneira muito tímida.
A análise de balanços é uma poderosa ferramenta de benchmarking, que é busca por resultados superiores a partir da comparação da performance da empresa com sua concorrência direta, por meio de informações acerca de desempenhos, posicionamento no mercado, indicadores, etc. A oportunidade está dada a quem possa interessar, basta não perdê-la de vista.
Autor: Alexandre Alcantara é contador e professor da Escola de Negócios Contábeis (ENC), especializado em Direito Tributário e Gestão Tributária. Auditor fiscal da Sefaz-BA, é também membro do Grupo de Trabalho de implantação da Escrituração Contábil Digital (subprograma do SPED) e autor do livro “Estrutura, Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis” (Ed. Atlas).

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