segunda-feira, 9 de maio de 2011

CAPITAL INTELECTUAL


A sociedade como um todo está vivendo transformações. "Assim, os teóricos desta proposição afirmam que, desde o início dos tempos as transformações e mudanças vêm ocorrendo ininterruptamente. Agora, ao apagar das luzes do segundo milênio, estas mudanças estão se tornando mais intensas. Se no passado, o fim do predomínio das atividades agrícolas como meio de ocupação e geração de riqueza levou, digamos, dois séculos, atualmente migramos de um predomínio para outro com a velocidade da internet!"(Dal Piero, 2000)
Por isso que cada vez mais, tanto empresas como pessoas estão investindo alto no intelecto. Cada vez mais o ser humano descobre a necessidade de buscar e compartilhar mais e mais conhecimento.
As empresas estão dando mais importância às pessoas nas organizações. De acordo com Dal Piero: "é comum o pensamento de que seres humanos não devem ser tratados como despesa. No mínimo, devem ser vistos como ativos da empresa. No entanto , este ativo produz à partir de movimentos intangíveis – o pensamento, o raciocínio, a síntese e análise – e assim tornar-se difícil de contabilizar, dimensionar potencial e dar uma face econômica/financeira do ser humano". Até agora, podemos dizer que o conhecimento é fator importante para o sucesso de uma empresa.
O capital intelectual é formado por três componentes: capital humano, capital estrutural e capital do cliente.
O capital humano é a ‘capacidade necessária para que os indivíduos ofereçam solução aos clientes’(Stewart, 1998), citado por Mário Henrique. O capital humano é necessário a uma organização, pois ela é a fonte de inovação e renovação. Quanto maior é a qualidade do seu capital humano maior tende a ser a eficácia da empresa frente aos seus clientes e concorrentes.
O capital estrutural é o valor que pertence à empresa. "É fruto da inteligência humana e baseia-se em pessoas dispostas a compartilhar, que é um ato sempre voluntário. A liderança é fundamental para o sucesso da sua gerência". (Mário Henrique, 2000).
Segundo Pedro Valdenir "quanto mais se coloca capital intelectual no capital estrutural, a organização tende a viver mais. Essa é uma forma de socializar o talento.
O capital de cliente é o valor dos relacionamentos de uma empresa com as pessoas com as quais negocia. É justamente neste componente, o relacionamento com clientes, que o capital se transforma em dinheiro, por este motivo que este capital é medido com mais freqüência do que os outros.
Falamos como é formado o capital intelectual, mas o que é então capital intelectual? Para Stewart(1998, p.13), citado por Dal Piero ‘constitui a matéria intelectual – conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência – que pode ser utilizada para gerar riqueza. É a capacidade mental coletiva’.
Para Lopes de Sá, o conceito de capital intelectual, parece-lhe pecar pela inadequação da expressão, pois segundo ele: "parece paradoxal ligar-se o que por natureza é inerte e objeto de sofrer ação (o capital) com o que por natureza é imaterial e agente de movimento (o intelecto), mesclando-se fatores que de fato convivem nas células sociais mais que possuem naturezas diferentes.
Ainda segundo Lopes de Sá "o que na realidade existe, é uma influência intelectual sobre o capital, não me parecendo adequado, pois o uso da expressão ‘capital intelectual’ como um conceito científico ou mesmo até empírico".
A gestão do capital intelectual já é uma matéria que engloba todos os cenários, com o objetivo de alertar para algumas tendências, não só uma ferramenta cada vez mais importante como também, no sentido mais profundo do termo, um novo paradigma deste início do século XXI. Segundo Marco Aurélio Vianna "empresas de todos os portes, incluindo a miríade de empreendedores que iniciarão seus negócios nessas próximas décadas, deverão incorporar nos seus negócios esta nova forma de pensar. Contabilizar, administrar, auditar, gerenciar, planejar, organizar, controlar e todos os outros verbos que formam a administração tradicional, estarão destinados a apenas 20% do valor real de uma empresa. Permanecer neste caminho será a tática mais rápida para o fracasso empresarial.
Por este motivo é que muitas empresas como a American On Line, a Microsoft, a Nike, a Amazon, possuem poucos ou quase nada de bens tangíveis como veículos, terrenos, instalações, etc. Para se ter uma idéia a livraria de maior crescimento no mundo, a Amazon, segundo Marco Aurélio, não tem um metro quadrado de lojas, a Nokia que fatura 200 milhões de dólares, a Nokia não possui mais do que 5 empregados. Por esta razão é que se fôssemos mostrar o seu balanço patrimonial real, não haveria quase nada no seu ativo, mas a sua marca, o seu alcance e o seu capital intelectual pesa muito para se conquistar clientes e investidores.
Ainda hoje existem empresas, pessoas e organizações que escolhem produzir com ações individuais, mas isso deve ser alterado e com urgência, para que o conhecimento e a informação não fiquem nas mãos de uma única pessoa, pois a saída desta da organização pode implicar na amnésia organizacional. Por isso, as organizações, não devem deixar que o conhecimento fique nas mãos de uma única pessoa e vá embora quando esta sair da empresa, causando prejuízo frente aos seus clientes e investidores. Hoje o que está em moda é a palavra "grupo", isso mesmo, muitas empresas estão adotando e investindo no trabalho em equipe, estimulam o aprendizado em grupo. Conforme observa Drucker(1997, p. 66), citado por Dal Piero, ‘individualmente, cada um contribui apenas com fragmentos’. Para Dal Piero: "numa organização é necessário que se forme um todo e não partes para se evitar perdas econômicas grandiosas".
Para Robinson Passos de Castro a empresa é como uma árvore: se as suas raízes (o capital intelectual) for forte e bem estruturado, onde haja uma junção do conhecimento de todos que formam uma organização, esta empresa irá dar bons frutos, ou seja, a sua copa, as suas folhas serão bonitas de se verem e com isso atrairá clientes e fornecedores.
Segundo Robinson Passos em tempos de crise e de concorrência acirrada o poder concentra-se no detentor de informações. Por isso é que está nas raízes o maior patrimônio de uma empresa.
A tendência para o século XXI é as empresas operarem cada vez mais em redes, pois para Marco Aurélio Vianna: "as empresa vão operar em progressão geométrica, pequenos núcleos de grandes cérebros serão capazes de criar negócios de grande porte através de sua capacitação de concertação, formação de empresas em rede e desenvolvimento de marca. O ativo tangível destas networks será uma parcela cada vez menor do valor global do negócio estruturado.
A contabilidade encontra dificuldades para desempenhar o seu papel devido à nova realidade em que vivemos, pois ela precisa encontrar formas de mensurar e contabilizar o capital intelectual. Segundo Mário Henrique: "podemos verificar este fato no valor de uma empresa que excede o valor contábil, e geralmente é atribuído ao capital intelectual, além de um prêmio para a obtenção do controle gerencial. As regras contábeis não permitem que se pague esta diferença em troca de nada, sendo esta chamada de fundo de comércio". O método contábil tem limitações, tais como a dificuldade em lidar com elementos não quantitativos e que fazem com que os relatórios contábeis não revelem exatamente a realidade financeira e econômica de uma empresa, apesar de seguir os procedimentos corretos.
Por esta razão é usual existir um balanço contabilístico para fins de natureza legal e um outro, negocial, para fins de transação ou alienação. Para Lopes de Sá: "a maior valia que muitas empresas conseguem em seus trepasses, em relação ao que espelham em suas demonstrações contabilísticas, é real e pode ter várias causas". Lopes de Sá diz que "os métodos contabilísticos tradicionais, de demonstração do patrimônio limitam-se à evidenciação deste como se tal substância não sofresse outra influência que não fosse a da combinação de seus próprios elementos.
Mas algumas áreas do conhecimento humano, como a administração, psicologia, sociologia estão mudando seu ponto de vista com relação ao capital intelectual, elas estão dando um tratamento mais profundo e preciso de ativos humanos em vez da abordagem tradicional, como despesa. Países do Mercosul com a Argentina, Paraguai e Uruguai dão aos bens intangíveis representados por marca, patentes, franquias e outros bens, inclusive o conhecimento, um tratamento específico, eles já propõe como forma de contabilização, que os gastos com recursos humanos sejam registrados no ativo diferido, e à medida que transcorrer o tempo do potencial de geração de resultados, tais gastos devem ser diferidos para o resultado.
Ainda, em relação à dificuldade sentida pelos profissionais de contabilidade na mensuração da força humana de trabalho, Iudícibus(1998, p.62), citado por Dal Piero, diz que esta ‘raramente é retratada no ativo, a não ser em artigos de pesquisas e investigativos’. Para Dal Piero, isto representa além de uma omissão nos demonstrativos contábeis, no que concerne ao valor do capital humano, uma demora no avanço do cenário contábil.
O estudo da contabilidade, aqui no Brasil, ainda está lento. Existem poucos autores que falam a respeito. Nossas leis estão ultrapassadas, para se ter uma idéia, a lei que rege a nossa contabilidade, a lei 6.404, Lei das Sociedades por Ação é de 1976, onde na qual, regula as nossas demonstrações, fazendo com elas retratem apenas aquilo que o fisco quer ver e não o que os clientes e investidores necessitam ver.
Mensurar o capital intelectual é difícil, dar valores ao conhecimento humano é complexo, mas a nossa contabilidade tem que se atualizar, precisa estudar meios para medir o conhecimento e sua capacidade de criá-lo e convertê-lo em lucro.
Para o futuro, Lopes de Sá, admite que "uma nova ciência surgirá, amalgando as da Administração, Contabilidade, Direito, Economia, Sociologia, Psicologia, cada uma com a sua parcela, para formar uma Sociopatrimoniologia, competente para criar uma nova sociedade" que será capaz de mensurar o valor do intelecto humano.

Bibliografia
CASTRO, Robinson Passos de. O Profissional na Sociedade do Conhecimento. In: V JORNADA PIAUIENSE DE CONTABILIDADE. Teresina, 2000. A Contabilidade Social no 3º Milênio.
DAL PIERO, Francisco (2000). A "Era da Marca". Um Recado aos Contadores / O Momento é de Proteger e Contabilizar o Capital Intelectual. http://www.rondonia.com
LOPES DE SÁ, Antônio (2000). Influência Intelectual e a Doutrina Neopatrimonialista da Contabilidade / Os Valores Intangíveis da Riqueza Patrimonial e a Contabilidade do Intelectual / Qualidade Intelectual dos Agentes do Capital.http://www.lopesdesa.com.br
MENDES, Mário Henrique de Freitas (2000). Capital Intelectual: O Desafio do Terceiro Milênio. http://www.uefs.br/exerecic/
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 21ª ed. São Paulo, Cortez, 2000.
VALDENIR, Pedro (2000). Gestão do Capital Intelectual: um Caminho Simples para o Sucesso Organizacional. http://www.institutomvc.com.br
VIANNA, Marco Aurélio Ferreira (2000). Capital Intelectual, um futuro que já chegou. http://www.institutomcv.com.br

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